ROMARIA DE PADRE CÍCERO

Acompanhamos a viagem de um grupo de romeiros, que partem do bairro de Água Fria, subúrbio da cidade do Recife, estado de Pernambuco, num ônibus fretado, com destinos a Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, para participarem, junto à milhares de outros devotos, de uma das Romarias de Padre Cícero, a romaria de N S das Dores, que ocorre anualmente no mês de setembro.

A excursão é organizada por uma devota, Dona Marlene Borges, que organiza além do ônibus e hospedagem para os romeiros, a agenda do grupo que inclui novenas, celebrações religiosas, momentos de oração, e visitas às igrejas da cidade e ao Horto, na Serra do Catolé, onde está a estátua de Padre Cicero, museus, mercados, além de passeios à pontos turísticos, mercados, fazendas e balneários da região.

Mais de 2,5 milhões de peregrinos que acorrem todos os anos à cidade cearense, os romeiros chegam de ônibus, pau de arara, cavalos e alguns peregrinam em longas caminhadas até a cidade, para as romarias, que ocorrem em diversos momentos do ano. As principais ocorrem em 24 de março, na comemoração de aniversário do Pe. Cícero, no Dia de Finados, 02 de novembro, para visitar o tumulo de Padre Cícero, que fica na Capela do Socorro e no mês de setembro, no dia de N. S das Dores, padroeira da cidade de Juazeiro e a mais antiga delas, iniciada quando o padre ainda estava vivo, e que tem uma Igreja dedicada a Santa, construída por Pe. Cícero, que foi elevada pelo Vaticano à categoria de basílica, em 2008. 

As romarias incluem, além dos ritos religiosos, músicas, danças, queima de fogos, bolos gigantes, shows, apresentações teatrais, exposições, procissão de flores e muito mais.

A devoção à Padre Cícero iniciou quando ele ainda era vivo, mas cresceu após a sua morte, em 1934.

Cícero Romão Batista nasceu na cidade vizinha de Crato – CE, em 1844. Foi ordenado Padre em novembro de 1870, chegou no povoado de Juazeiro no natal de 1871, quando a cidade era apenas um arruado de casas em torno da pequena capela dedicada à Nossa Senhora das Dores. No ano seguinte fixou residência. Tinha uma pregação persuasiva e fundamentada no binômio: oração e trabalho. Foi aos poucos transformando a realidade social e religiosa da região. Logo tornou-se amigo, conselheiro e protetor do povo nordestino.

Em 1891, foi excomungado pela Igreja Católica após um episódio conhecido como "milagre da hóstia", ocorrido em 1889. O alto clero católico o considerava um perigoso Messias e tinha receio de transformar a região em um centro de fanatismo religioso. Expulso da Igreja, Cícero se dedicou à política. Com sua atuação o povoado foi crescendo e alçada a cidade, tendo o padre como seu o primeiro prefeito.

Pe. Cícero morreu aos 90 anos sem o perdão da Igreja, o que não impediu que o povo continuasse a lhe venerar.

Em 1973 a Igreja Católica Apostólica Brasileira canonizou padre Cícero, baseada na devoção dos nordestinos ao líder religioso e aos milagres atribuídos a ele por seus devotos. Em 2015, por decisão do Papa Francisco, após mais de um século de punição foi perdoado pela Igreja, e em 2022 processo de beatificação pela Cúria Romana teve início, quando o santo popular foi beatificado.