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Corrida do Imbu -TI Pankararu-PE

Festa do Umbú (ou Imbú) é a maior manifestação religiosa, sagrada e cultural do Povo Indígena Pankararu, que habitam terras indígenas Pankararu e Entre Serras, localizadas nos municípios de Tacaratu, Jatobá e Petrolândia, no Sertão Pernambucano.

A festa é um momento de fortalecimento da cultura Pankararu, uma forma de agradecer aos seus ancestrais e também de purificação para os indígenas. Um ritual praticado há milhares de anos, sempre nos meses de fevereiro e março, dando início aos sábados e finalizando no domingo, durante quatro finais de semana seguidos.

As figuras centrais do ritual são os Praiás, que personificam os “Encantados”. Os Pajés e Zeladores, líderes espirituais das aldeias, escolhem os homens que emprestarão seus corpos a essas entidades. A identidade de quem veste é segredo absoluto, não revelado nem para familiares do dançante.

Os Praiás, com o corpo coberto por uma roupa de palha de palha de caroá (também conhecido como croá) , dançam o dia inteiro, de pés descalços ao som de toantes puxados pelos cantadores e cantadoras.

 O ritual se encerra envolvendo toda a comunidade, que se juntam aos Praiás, num ritual no qual utilizam a planta Cansanção, uma espécie de urtiga, que se configura como um ritual de purificação para os Pankararus.

Os Encantados são “índios vivos que se encantaram”, voluntária ou involuntariamente e, por isso, o culto a eles, como insistem os Pankararu, não pode ser confundido com o culto

aos mortos.  A forma desse “encantamento” só pode ser parcialmente narrada, seja porque constitui um mistério para os próprios Pankararu, ou um segredo

que não pode ser revelado a estranhos.

São os encantados que escolhem os seus “Zeladores”, geralmente revelado em sonho, a quem, a partir daí, se torna um Pai de Praiá, exercendo um papel religioso, de orientação e guarda da tradição. A partir dessa escolha cabe a eles levantar o Praiá, ou grupos de praiás. O Zelador do encantado deve confeccionar ou contratar a confecção, por um dos poucos artesãos especializados na aldeia, da roupa e da máscara de palha de croá, que servem para encobrir a personalidade do dançador, que materializará o próprio Encantado.

Toda a comunidade indígena se envolve na Festa, fazendo as cestas que são ofertadas, as garapas e as comidas que são distribuídas igualmente a todos os presentes.

A Corrida do Imbu acontece nas Aldeias Brejo dos Padres, Serrinha e Mundo Novo, dentro do território sagrado Pankararu.

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SOBRE AS TERRAS INDÍGENAS DO POVO PANKARARU

A maior parte do povo Pankararu vive entre as serras e brejos no sertão pernambucano, próxima às margens do Rio São Francisco.

O território legalmente reconhecido consiste em duas Terras Indígenas (TIs) demarcadas e homologadas – a TI Pankararu e a TI Entre Serras –, que juntas somam 15.927,37 hectares nos municípios de Petrolândia, Tacaratu e Jatobá, no estado de Pernambuco, e onde vivem cerca de 8.000 indígenas.

A conquista das demarcações se deram ao longo de vários anos e de muita luta desse povo.

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O clima da região é semiárido e a vegetação é típica de Caatinga. Apesar dos territórios regularizados, o Povo Pankararu enfrenta desafios em relação à garantia dos direitos territoriais - tendo parte do seu território na TI Entre Serras ainda ocupado por não indígenas – e à escassez de água e recursos naturais, o que gera conflitos. Apesar da proximidade com o Rio São Francisco, é grande o problema do abastecimento de água nas aldeias Pankararu, o qual é feito por meio de encanamentos de nascentes, poços, cisternas e até caminhão pipa. O agravamento da seca e a escassez das chuvas têm contribuído para a morte ou o desenvolvimento tardio das plantas de Croá, típicas da Caatinga e amplamente utilizadas por diversas comunidades e povos do semiárido do Brasil. Essa espécie, além de fins comerciais, possui enorme importância na identidade étnica e cultural Pankararu.

As folhas do Croá fornecem fibra para a confecção de linhas de pesca, tecidos, bolsas, esteiras e cordas, além de outros produtos artesanais e decorativos. O Croá é utilizado especialmente para “levantar o praiá” - confecção de roupas utilizadas em ritual. Dada sua importância na tradição Pankararu e a constatação de que os problemas socioambientais interferem diretamente na sua preservação, o uso sustentável do Croá surgiu como um dos temas de grande relevância no Plano de Gestão Territorial e Ambiental - PGTA da TI Pankararu, publicado em 2017, coordenado pela Associação Indígena Troco Velho Pankararu.

Mais informações: https://www.instagram.com/troncovelhopankararu?utm_source=ig_web_button_share_sheet&igsh=ZDNlZDc0MzIxNw==

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